quarta-feira, 13 de julho de 2016

Vulnerabilidades nas atividades dos Trabalhadores de Controle de Endemias (ACEs)

 É de conhecimento da maioria que nas atividades ligadas ao serviço de saúde os trabalhadores estão expostos a alguns riscos e recebem um adicional de insalubridade. Os serviços que os Aces realizam, não ocorrem na maior parte do tempo em ambientes fechados ou controlados, o que os expõem a diversas vulnerabilidades, sendo elas: físicas, psicológicas ou sociais.


Os principais fatores de risco a que podem estar expostos os ACEs encontram-se relacionados abaixo:



a)    Sobre os fatores de risco químicos:

 São considerados fatores de risco químicos as diversas substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pelas vias respiratória, dérmica ou oral, sob a forma de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores ou líquidos. A exposição a esses fatores de risco pode ser decorrente da manipulação dos agentes químicos ou do meio ambiente por eles contaminado.
Os agrotóxicos (insumos) estão entre os mais importantes fatores de risco para a saúde dos trabalhadores e para o meio ambiente. São utilizados em grande escala por vários setores produtivos, inclusive pelos serviços de saúde pública no combate às endemias.



 O quadro identifica os agrotóxicos utilizados atualmente em saúde publica. Os agrotóxicos podem causar quadros de intoxicação aguda e crônica que poderão se manifestar de forma leve, moderada ou grave. Antes da aplicação de qualquer agrotóxico, faz-se necessário que o trabalhador conheça os efeitos que este possa causar à sua saúde e as medidas (coletivas e individuais) recomendadas para sua proteção, além de utilizar adequadamente os equipamentos de proteção individual.


b) Sobre os fatores de risco físicos:

 Radiações Não-Ionizantes (RNI) Os efeitos bastante conhecidos são os da radiação ultravioleta (UV) que, em geral, só se manifestam com o passar do tempo, pois vão se acumulando no organismo. As lesões na pele começam a aparecer na maioria das vezes, por volta dos 40 anos de idade com o aparecimento de manchas que podem evoluir para câncer. O cristalino do olho apresenta característica que o torna especialmente sensível às radiações eletromagnéticas e UV, devido ao fato de que a sua baixa vascularização dificulta a dispersão do calor, originando a catarata. Todos os trabalhadores envolvidos nas atividades de campo estão submetidos a longos períodos de exposição à radiação solar podendo causar os efeitos nocivos à saúde, a médio e longo prazo. A prevenção de alterações de pele provenientes da exposição ocupacional crônica às radiações não-ionizantes, principalmente a radiação UV, baseia-se na vigilância dos ambientes, das condições de trabalho e dos efeitos ou danos à saúde. Uma das medidas preventivas mais importantes é a limitação da exposição à luz UV e aos demais tipos de radiação, a fim de minimizar a exposição à radiação solar sobre a pele: mudança nos horários de trabalho em que a exposição à luz solar é mais intensa, diminuição do tempo de exposição, uso de EPI adequado à proteção da radiação (camisa de mangas compridas, calça comprida, chapéu com abas largas) e de protetor solar.


 c) Sobre os fatores de risco biológicos:

 Consideram-se agentes biológicos os microrganismos, geneticamente modificados ou não, as culturas de células, os parasitas, as toxinas, os príons, os protozoários, os vírus, entre outros, que, ao interagirem com o organismo humano, podem resultar em doenças. Embora pouco registrado como tal, um problema de saúde muito comum entre os  ACE são as doenças respiratórias causadas por ácaros, pólen, detritos de origem animal, bactérias e fungos. Além dessas, os trabalhadores, a partir do contato diário com a população ou com os vetores e reservatórios, podem adquirir doenças, transmissíveis ou não transmissíveis, endêmicas ou não, destacando-se a dengue, febre amarela, raiva, tuberculose, chagas e leishmaniose. Algumas das fontes de contaminação a que os agentes de saúde estão expostos são as águas contaminadas existentes nas comunidades visitadas, devido a problemas de saneamento ambiental.

d)  Sobre os fatores de risco ligados a acidentes:

 Os acidentes de trabalho são fenômenos determinados por uma série de fatores presentes nos ambientes de trabalho, nos quais estão implicados, além das características próprias dos processos produtivos, as formas de organização e de gestão do trabalho, os critérios de seleção de tecnologias, os julgamentos quanto à relação custo-benefício e as opções tomadas quanto à proteção da saúde dos trabalhadores. Esses acidentes podem ser considerados previsíveis e, portanto, preveníveis, dado que os fatores causais estão sempre presentes bem antes do desencadeamento da ocorrência.  As atividades dos ACE os expõem a situações de risco de acidentes, podendo-se citar como principais: quedas de diferentes alturas, choque contra obstáculo, projeção de partículas, perfurações, cortes, contusões, ferimentos, ataques de cães, picadas de animais peçonhentos e de insetos. Não se pode deixar de citar as agressões interpessoais e os acidentes de trajeto, que vão desde atropelos, colisões e incêndio, bem como os assaltos. Os acidentes com animais peçonhentos podem ocorrer principalmente com ofídios, aracnídeos e escorpiões, podendo acontecer também com abelhas, vespas (maribondos), entre outros. Vale ressaltar, ainda, a ocorrência com outros animais como as mariposas.

Conclusão:

 Conhecer as vulnerabilidades as quais estamos expostos nos permite entender que a luta pela valorização da categoria não é apenas por questões salariais que tanto merecemos, mas também pelas questões técnicas que nos deem qualidade de vida e prolongamento da nossa saúde.  Precisamos lutar para termos um serviço digno para os trabalhadores, por uma insalubridade diferenciada, pela redução da carga horária, pelo fornecimento dos equipamentos de proteção individual, incluindo protetor solar e repelente, pela atualização dos RGs/Estratos onde citam áreas urbanas mas são violentas e dominadas pelo poder paralelo, pela aposentadoria especial, pelo reconhecimento de um ótimo serviço prestado pelos agentes, por uma melhor remuneração e muito mais. 


ATCERIO

Rio de Janeiro, 13 de julho de 2016.

Colaborador: Anderson de Oliveira da Silva (Cap 5.2)

2 comentários:

  1. Que legal essa matéria. Gostei. Posso reproduzir?

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    1. Que bom que gostou Regina. Fi que a vontade para disponibilizar o material, é nosso.

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